Salada na intervenção de militares estrangeira pode nos custar caro*
A força militar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) chega a partir de hoje(15.07) a Moçambique por um período de três meses, que poderá ser alargado dependendo da evolução da situação no terreno.
Entretanto, o Presidente da República anunciou há dias a che- gada ao país de uma força militar Ruandesa composta por mil homens entre militares e polícias.
Esta situação não foi bem vista por alguns países membros da região que manifetaram o seu desagrado pela chegada da força Ruandesa antes das forças da região da SADC.
Estes antecedentes, na nossa opinião, poderão ter um im- pacto nefasto no teatro das operações.
O Presidente Nyusi tem vindo a dizer que as Forças de De- fesa e Segurança de Moçambique é que vão orientar as ope- rações, o que não se percebe mesmo é, de que formas isso irá acontecer? Como essas forças todas, cada uma com seus interesses, irão coabitar no terreno onde o inimigo por sinal tem algum domínio? São perguntas que todos levantamos e não temos nenhuma resposta. Mas o facto é que o governo
precisa de ter muita cautela com esta situação. Misturar forças com comandos e interesses diferentes pode ser perigoso para o país.
Um outro aspecto bastante relevante é o facto do Presiden- te da República e Comandante- Chefe das Forças de Defesa e Segurança não ter feito declaração de guerra e muito menos
solicitado o pronunciamento prévio da Assembleia da Repú- blica, através da sua Comissão Permanente, sobre esta ma- téria, como dispõe a alínea c) do artigo 194 da Constituição da República, o que viola grosseiramente a nossa Lei Fundamental.
Os aspectos culturais e linguísticos também podem ter o seu impacto no terreno, onde corremos o risco de ver nossos concidadãos inocentes confundudos e assassinados pelo inimigo.
O governo tem minimizado esses aspectos todos e nós continuamos a pensar que isso devia ser levado em consideração e tomar as devidas medidas para evitar situações desastrosas.
Combater o terrorismo é complicado! Somos apologistas da intervenção das forças regionais sim mas não uma mistura de forças com comandos, interesses e objectivo diversos.
Há informações segundo as quais, o Zimbabwé poderá destacar a famosa quinta brigada, que foi acusada de ser responsável por um massacre dos seus irmãos Ndebeles na chamada “operação Gukurahundi”. Esperamos que o comando das forças nacionais não permita que cenário idêntico se re- pita em Cabo Delgado. De uma coisa estamos certos, o Presi- dente Nyusi quer bipolarizar a situação no teatro operacional norte, para depois vir dizer que assim o fez devido a pressões internas e internacionais, mas está muito enganado porque o
envolvimento do Ruanda é por conta e risco próprios.
*Texto extraido da PERDIZ, publicação oficial da Renamo